Existe coisa mais chata do que aquele seu conhecido, amigo ou parente, que anda sempre com postura ou olhar cabisbaixo, trazendo consigo uma nuvem cinzenta ameaçando chuva somente sobre a sua cabeça?
Deus me livre se algum dia eu também me contaminar por essa atitude ou – será que podemos chamar de – estilo de vida! Só o trabalho deste indivíduo é frustrante e estressante. Ninguém mais, no mundo inteiro, está mais cansado do que ele. Sua rotina familiar é a mais exigente de todas. O tempo sempre joga contra: muito abafado; muito calor; muito frio; muito vento; muita chuva; muita neve… Que coisa mais desagradável!
De acordo com um seminário de comunicação que fiz há algum tempo atrás, aprendi que podemos elevar o nosso humor, e talvez os dos outros a nossa volta, simplesmente revertendo a maneira que comentamos os fatos do nosso dia-a-dia. Porque será que somente lembramos e comentamos sobre os fatos negativos e nunca dos vários outros positivos que nos acontecem? Talvez seja pela mesma teoria das manchetes dos jornais: a tragédia vende mais, chama mais atenção! Acabo de me lembrar do que ocorreu outro dia com uma amiga que é comissária de bordo. Ela fazia um vôo europeu de rotina e ao servir o lanche, um passageiro que segundo ela viria de Montenegro, lhe falou:
- Da senhora eu não aceito nada para comer!
- Como, senhor? – peguntou ela.
- A senhora já se olhou no espelho? Já realizou o quão feia a senhora é? You are very ugly!
Aahhh! Por essa ninguém espera, não? Minha amiga ficou estupefada. Porém, logo se refez do susto e com toda a diplomacia que seu treino profissional e seus bons anos de experiência na área lhe deram, disse a ele:
- Como preferir, senhor. O senhor se quiser pode escolher qualquer outra pessoa de nossa tripulação para serví-lo. Entretanto, o serviço de bordo se encerra em vinte minutos. Faça uma boa viagem!
Para falar a verdade esta minha amiga aeromoça é uma mulher esbelta, elegante e bem bonitinha. Nenhuma beleza fora do normal, mas eu estaria longe de dizer que ela fosse “very ugly”! Padrão de beleza é mesmo um fator muito regional. Fiquei curiosa em conhecer mulheres da República do Montenegro para tentar compreender o que aquele passageiro entenderia sobre feiura… Com certeza ele é um desses que acorda pronto para reclamar da vida e sempre enxerga aquela pontinha de nuvem escura que se esconde num céu ensolarado e lindo. Enfim, um chato! Cruz credo!
Voltando ao seminário de comunicação, eu não quero parecer profetiza das técnicas de auto-ajuda, mas essa estória de mudar o jeito de comentar os fatos até que me ajudou bastante no diálogo familiar. Em vez de reclamar com as crianças dizendo: - Droga! Porque que esses sapatos estão aqui largados no meio do caminho? – pergunta que não necessáriamente induz à solução do problema – eu resolvi usar as técnicas aprendidas no seminário de comunicação e tentar expressar o quanto melhor eu me sentiria se, por exemplo, os sapatos fossem colocados no lugar certo. Então, mudei o tom de voz e o comentário para:
- Meninos, a mamãe vai ficar muito feliz, se vocês colocarem os sapatos que deixaram largados aqui no caminho, no seus devidos lugares.
Ou por exemplo, em vez de: - Darling, quando é que finalmente você vai consertar a gaveta do armário do quarto? Passei a perguntar: - O que é que eu posso fazer para lhe ajudar a consertar a gaveta do armário do quarto? Eu sinto muita falta dela em funcionamento…
Não é que deu certo! Os meninos adoraram poder me fazer feliz com tão pouco. A gaveta também foi consertada! Simples, não? Salve o seminário de comunicação! Acredito que todos os reclamões da vida deveriam assistir um ou vários seminários desse tipo, para entenderem que reclamações constantes não resolvem nada. Na maioria da vezes, só servem para entediar e afastar os outros!
4 comentários:
Fátima, pois é a comunicacao é tudo. Eu também já mudei muito, mas sei que preciso mudar mais e essas suas dicas sao ótimas.
Boa semana
beijao
↓
Tem os que reclamam
por que "não existem"!
Tem os que não reclamam NUNCA,
estes são os perigosos!
Eu fico bem feliz, longe das auto-ajuda...
Eu nasci reclamando
e vou morrer assim!
Ahahahah!
Não liga não, mas EU não existo!
Que saco esta vida... não pedi pra nascer.
Ahahahah!
Abraços!
Oi Georgia,
Tente-as você também. Elas funcionam!
Beijos!
Tonho,
Você não existe mesmo!
Beijos!
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