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18 de jan. de 2009

O livro que escrevi


Acordei com a sensação de que havia escrito um livro. Passei toda a noite me revirando na cama, redigindo em minha mente histórias e memórias da minha vida que de alguma forma gostaria de registrar. Talvez para poder reler posteriormente ou para que meus filhos possam ler algum dia. Tenho certeza que então eles entenderão o porque que faço tanta questão que eles frequentem as aulas de português!

  • Mãe eu já sei falar português! Não preciso ir toda semana às aulas…, diz Markus.

  • Markinhus, o negócio não funciona assim! Você e seu irmão ainda têm muitas coisas novas para aprenderem. É claro que vocês já falam um português bem legal, eu sei…, mas seria bom vocês também lerem bem e mais importante ainda escreverem sem erros! A vovó ficará super feliz quando receber uma cartinha escrita por vocês sózinhos, sem a mamãe ter corrigido nenhuma palavrinha!
Markus e Lukas nasceram e são criados na Áustria, onde moramos. Sim, Alemão é a primeira língua deles dois e, acreditem, eles me dão um banho neste tema! Mas não vamos falar disso agora…
A noite foi de lua cheia. Fiquei sabendo disso somente no dia seguinte, quando comentei com uma amiga sobre a dificuldade que tive para dormir. Talvez tenha sido por causa disso que me inspirei tanto na elaboração dos meus contos.
Quase me levantei para escrever tudo o que me vinha à mente usando o editor de texto no computador, mas me contive a dar mais asas à minha lembrança e imaginação e continuei a decrever mentalmente alguns fatos engraçados, estranhos, embaraçosos, alegres ou tristes que já me aconteceram.
Por um momento fui egoísta e acordei o Darling. Acordei-o para lhe perguntar se ele também estava com dificuldades de dormir! (!?!) Nem preciso explicar a cara que ele fêz ao ter que responder à tal pergunta depois de ser acordado de um sono profundo! É, eu sei… Foi maldade da minha parte… Eu não queria ficar acordada na cama ouvindo o seu respirar em sonhos. Queria a sua companhia para que depois pudéssemos os dois reclamar no dia seguinte que não haviamos dormido bem a noite! Juro que já me arrependi do que fiz. Prometi não acordá-lo mais por um motivo como esse… Mas por qualquer outro, eu não me reponsabilizo! Afinal, essa é uma das vantagens de se estar casada: se ter alguém ao lado para compartilhar os momentos de sua vida – mesmo que sejam momentos de insônia!
Depois de eu lhe contar que há horas estava mentalmente redigindo um livro de memórias e contos, a única coisa que ele disse foi: Ainda bem que você já passou da fase, senão iria trancar a universidade para se tornar escritora, conforme fêz seu sobrinho... Não respondi, mas tive que me lembrar deste fato que por muito tempo não consegui digerir direito. Não que eu tenha algo contra escritores. Isso não, muito pelo contrário. Mas, na época fiquei com pena de ver uma promissora carreira de informático ser trocada por – até então – algumas linhas de um blog… Mas, esta fase dele já passou. E na verdade, a vida é dele. Eu desejo a ele toda a sorte do mundo na escrita ou em qualquer outra coisa que resolver abraçar como profissão. (Às vezes me pergunto, porque sou tão orientada a profissão, carreira, trabalho, diplomas…? Que praga! Será que algum dia vou deixar de ser assim?)
Não, eu com certeza não vou deixar de trabalhar ou de me dedicar à pesquisa, aos meus filhos, à minha família, à casa ou à pintura para escrever somente. Porém, acho que posso me divertir com uma dose ponderada de tudo um pouco, na medida em que o nosso maior inimigo - “o tempo” - permitir. Conforme disse a uma amiga na mesa de uma pizzaria esta semana, acredito que todos com mais de trinta anos e com um currículo de vida vasto em experiências relativamente interessantes, possuem todos os pré-requisitos para escreverem e compartilharem com terceiros suas memórias. Aí é que eu me incluo, sempre contando com um agravante bem positivo: Por não ser profissional da área, posso sempre usar a desculpa de que se o estilo da escrita não for bom, não se poderia esperar muito mais mesmo de uma escritora de horas vagas… É isso aí! Se você se sentiu tentado a fazer o mesmo, aproveite a dica e mãos à obra!
Ah… o livro?… Bem, estou tentando agora transformá-lo em realidade. Depois que finalmente peguei no sono naquela noite, esqueci-me de alguns detalhes já mentalmente redigidos. Tomara que eles me voltem à mente, pois agora já aprendi: não saio para lugar algum sem levar o meu caderno de anotações e minha nova lapiseira. (Nossa! Fiquei surpresa em constatar como as lapiseiras evoluiram nos últimos dez anos! Que delícia escrever com essa modelo “grip-plus”!) Afinal, memória de quem já passou dos quarenta é pouco confiável. Mamãe que o diga!
texto original escrito em 04/05/2007

11 comentários:

Unknown disse...

Nossa! Eu nunca tinha parado para pensar em como uma decisão de rapaz podia ter realmente "reverberado" tanto nas vidas das pessoas ao meu redor... quando a gente é garoto só existe o eu, mais ninguém...
Fato é que não sou mais garoto... mas não posso concordar com você em dizer que já "passei da fase". Escrever para mim continua sendo o fascínio que foi na época de garoto e continua norteando muitos dos meus pensamentos de felicidade e realização. Mas, óbvio, a minha vida mudou e trouxe com ela um pouco de uma coisinha chamada maturidade... Quando essa coisinha chega, algumas coisas ficam menos interessantes do que antes, mas quando nos acostumamos conseguimos ver que apenas ela (e o tempo) podem nos dar as condições de fazer tudo o que queríamos quando éramos jovens (você que o diga!). Por isso, hoje sou muito mais feliz com a vida e com o que faço. Pude retornar a faculdade e entender que não precisava nem ter largado da primeira vez... mas as coisas tem de acontecer conforme tem de acontecer e assim é a vida...
A nós resta apenas viver e entender (e no nosso caso, escrever... )

Beijos do sobrinho que te ama muito e que mesmo diferente, se inspira a todo o instante em você.
Paulo Henrique

Fatima Cristina disse...

PH, Que bonitinho...
Beijos.

Anônimo disse...

o que eu estava procurando, obrigado

angela disse...

Que bom Fatima, vamos ter suas memórias (vai publica-las aqui...) e a conversa com o sobrinho. Valeram a noite de insônis.

Fatima Cristina disse...

Oi Angela,
Que bom que você gostou.
Esses textos deram origem ao Boa Baltazar...

Beijos

Anônimo disse...

Fátima,

que bom!!! Se deram origem ao Boa Baltazar, tem tudo para dar origem ao FUTURO LIVRO!

Bjs

Fatima Cristina disse...

Quem sabe Eduardo, quem sabe?

Talvez uma versão editada online. Vamos ver...

Beijos!

Ana Cristina Melo disse...

Fatima,

esses textos que nascem assim, tão urgentes, tão interiores, são os melhores. Você nos deixou curiosos. Estou torcendo e doida para ler essas linhas.

Bjs
Ana

Mylla Galvão disse...

Tem cheiro de livro no ar...
E eu adoro livro de memórias!!!

bjão

Fatima Cristina disse...

Oi Ana,

Sao memórias de casos que aconteceram comigo, contados à minha moda de forma descontraída e desprentensiosa.
Serão republicados aqui durante este mes.
Espero que você me diga o que acho deles...

Beijos!

Fatima Cristina disse...

Oi Mylla,

vá acompanhando então!

Beijos!

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