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3 de nov. de 2010

A dindinha vai se mudar!


Sempre ouvi dizer que se pensarmos positivamente sobre o que desejamos conseguir na vida, mais cedo ou mais tarde acabamos conseguindo. Melhor então é falar repetidamente o desejo em alto e bom tom, de preferência se olhando num espelho e já se imaginando na situação desejada.

Pois acho que foi isso que aconteceu com a Dê - minha irmã - em relação ao seu sonho de moradia. Ela sempre pensou em morar na praia. Há anos que eu já conhecia o seu sonho de moradia: um apartamento amplo com uma linda varanda com vista para o mar, na praia da barra 

Este ano ela e seu marido - meu cunhado e ex-coorientador de tese de mestrado- (lembra do post "A didinha vai se casar"?) realizaram o sonho do apartamento com vista para o mar. E que vista! Um belo e confortável apartamento foi reformado sob medida para eles dois.


- "Mãe, a dindinha vai se mudar mesmo?" Perguntou o Markus com um ar desconfiado.
- "Sim, meu filho. Na verdade,ela só está esperando a obra de reforma do apartamento acabar para eles finalmente se mudarem para a quadra da praia."
- "A vovó falou que agora ela não precisa mais levar eu e o Lukas para aquele hotel bonito lá na barra, pois o apartamento da dindinha já é lá do lado e a gente então pode ficar lá e não precisa ficar no hotel..."
-"Ah... foi? E a dindinha sabe disso?" - "Não sei", disse ele.  Isso não vai dar certo, pensei eu.
-"A dindinha adora vocês, mas o apartamento deles não é casa da sogra!"
-"Nem pode ser, né mãe. A sogra dele é a vovó e ela não mora na praia..." - "Ah... ?!? Deixa pra lá..."
Eu sempre me esqueço que não dá para usar expressoes de sentido figurado com os meninos. Eles não entendem!

Enfim, minha irmã e meu cunhado estavam prestes a se mudarem e tudo o que se falava era sobre a obra da reforma do apartamento recém adquirido. Os dois novos proprietários tiraram férias de seus trabalhos para poderem organizar e realizar a mudança com calma e depois ainda poderem curtir o novo lar e a nova vizinhança com alguns dias, ou talvez algumas semanas, ainda em férias. Que inocência a deles! Como já se pode imaginar, uma obra que se preze nunca cumpre o prazo previsto. Conclusão: a obra de reforma do apartamento atrasou! A cama já havia saído do apartamento antigo para ser lustrada. Eles dormiam no colchão diretamente ao chão já há semanas. Se você conhecesse a Dê , você já iria imaginar o quanto toda essa situação lhe transtornaria a rotina, o humor, enfim, a vida! Oh, céus! Foram dias seguidos de cara emburrada, com sua alergia a poeira em alta. Um stress galopante a cada dia. Finalmente a mudança ocorreu nos dois últimos dias das férias do casal.
 
-"Madame, a senhora vai querer que a gente coloque as caixas aqui neste quarto ou na sala?", perguntava um dos empregados da compania encarregada da mudança, já com as caixas em movimento.
-"Não, não. Nada disso! As caixas não podem ficar por aqui no meio do caminho. Não tem nem espaço para todas elas amontoadas aqui. Além disso, elas estão empoeiradíssimas e  o chão todo aqui já foi limpo." - típica reação da Dê em desespero e em defesa da sua casa limpa. Ela queria que todas as caixas fossem levadas ao apartamento uma a uma, para que fossem já devidamente esvaziadas antes da próxima chegar. Assim, tudo já seria colocado nos seus lugares "on-the-fly" e o chão permaneceria limpo.

Bem, lá estávamos nós quase que formando uma roda: a equipe de homens fortes, um marido prestes a explodir, ela (já explodida), a faxineira e eu que havia tirado o dia livre para ajudá-los com a mudança no que fosse necessário. Nossos olhares se cruzavam. A dúvida pairava no ar. Nunca, em nenhuma mudança daquela firma tradicional e experiente em mudanças nacionais e internacionais, aquela equipe havia encontrado uma "madame" que rejeitasse o recebimento de seus próprios pertences empacotados. Foi aí então que percebi que a "ajuda necessária"  era descomplicar aquela situação. 

-"Os senhores podem ir colocando as caixas aqui neste quarto, empilhadas neste canto para sobrar espaço para a passagem", disse eu recebendo de imediato a confirmação do cunhado aflito. Dê já havia voltado para a organização de seu novo quarto e já havia percebido que sua tentativa de manter a casa arrumada e em ordem, mesmo no dia da mudança, não tinha chances de dar certo. Pelo menos ela tentou. Afinal o sonho não precisava ter uma falha... Só que a partir daquele dia o sonho já havia se tornado realidade e na realidade os serviços de mudança não esperam uma caixa ser aberta e esvaziada para entregar a próxima. É tudo feito num ritmo vipt-vapt e vapt-vupt, onde tudo é embalado, empacotado, carregado, transportado e entregue em toque de caixa. E quantas caixas!

Que dia! Por esse a Dê não esperava. Meu cunhado queria se manter calmo e diplomático, mas ao mesmo tempo estava quase subindo pelas paredes. A faxineira - moça muito calma e delicada, além de conhecedora dos "ânimos" da patroa há vários anos - rodava como um peru sem saber o que fazer primeiro. Dê se prendia em detalhes na organização de sua suite para evitar olhar o drama dos outros cômodos da casa nova. Um drama para qualquer novela mexicana não botar defeitos.

Neste dia eu descobri o quanto os meus quase oito anos de prática de Tai Chi Chuan me fazem bem. Descobri que sou "zen" e não sabia. Consigo manter a calma e tomar o controle de alguma situação (se necessário), e ainda passar a minha tranquilidade adiante, como um bastão numa maratona de revezamento.

De caixa em caixa, com a orientação dos donos da casa  e a ajuda da faxineira, eu desfazia os embrulhos e sistemáticamente dava um novo destino aos objetos, livros, roupas, sapatos, eletrônicos, documentos, retratos, panelas, etc etc...

Eu juro que não esperava que a ultrapassagem da felicidade do sonho realizado para a frustação de uma mudança não ideal se realizasse tão fácilmente. Porém, é de se entender o inconveniente de toda a situação. Também deve-se considerar que a expectativa de um momento planejado em detalhes,  pode deteriorar  qualquer bom humor e bom senso, caso seja levada ao seu extremo oposto através da cruel realidade dos fatos.

Enfim, entre "mortos e feridos" (e que o Markus não me leia ao pé da letra!) sobrevivemos todos! Nada foi perdido. Nada foi quebrado. Tudo já ocupa o seu lugar planejado no apartamento recém reformado com um toque especial de elegância e um bom gosto de dar inveja!

Adorei estar lá e participar do processo de realização deste sonho deles dois. 
Eles merecem!
Após um casamento aos 50, eles agora residem num lugar que é 10!
Parabéns aos dois e curtam bastante esta linda morada.
Mas uma coisa eles têm de me prometer!

Nunca pensem em se mudar outra vez!








8 comentários:

chica disse...

Que legal isso e essa ajuda foi dos deusae,heim?

Que eles sejam muito felizes nesse novo apto de frente ao mar.

beijos,tudo de bom,chica

Mylla Galvão disse...

Ah... Adoro mudança...
Mas venhamos e convenhamos né, Fá?
Sua irmã achou q tudo se resolveria num passe de mágica, a la Feiticeira?
Ainda bem que vc estava lá para coordenar tudo heim?
Saudades de vc...
Vem fazer seu pedido ao Caldeirão Mágico, no Vidas Linha!

bjão

angela disse...

Não gosto nem de pensar...rs essas situações acabam comigo. Que bom que você pode ajudar, sempre é bom alguém de cabeça mais fria para ajudar a organizar. Fiquei imaginando a cara dos carregadores com as caixas nas mãos ouvindo sua irmã..rs
beijos

Adriana Riess Karnal disse...

Fátima,
Que mar-avilha, meu sonho de consumo,morar a beira-mar...Tem coisa melhor na vida? boa sorte pra tua irmã!

lis disse...

Sonho realizado , agora é só curtir so manhãs de sol da janela rs
demorou voltar hem Fátima! suas férias foram maiores do que as normais rs
beijinhos e toda a felicidade pra sua dindinha.
abraços

* Edméia * disse...

*Fátima, bom dia !!! *

Menina, estou aqui imaginando a

ALEGRIA da *Dindinha !!! Desejo

que essa alegria dela dure por

muitos anos !!! *Parabéns,

DINDINHA !!!

*Querida Fátima, tenhas um ÓTIMO

final de semana ao lado dos teus !

*Fiques com Deus.

*Um abraço.

Fatima Cristina disse...

Olá Todos,
Venho lhes informar que "eles" já leram e riram muito...
Agora já virou história, ou melhor, piada!

Obrigada pelas visitas e comentários.

Chica,
Me senti útil e foi bom.
Obrigada pelos votos!

Mylla,
Se ela pudesse ela bem que gostaria de ter tid uma varinha de condão naquele dia... hahaha

Angela,
Mudar é mesmo desgastante.
Você imaginou a cena?
Foi mesmo hilária...

Adriana,
Morar a beira-mar também era o meu sinho de consumo, só que eu agora vivo longe do mar...

Lis,
Sim, agora é só curtir!
Demorei mas voltei, ou melhor estou voltando aos poucos.

Maria Edméia (Fada!)
Obrigada!

Beijos para todas!

Fatima Cristina disse...

Anônimo disse...

Querida Fátima,
Na história da mudança da Denise e do Nando, conseguiste reproduzir fielmente e com muita visão os estados de ânimo da dupla não só durante o fatídico dia, mas tbém o dos meses que o antecederam;era de dar dó... mas como tudo na vida, teve um final, este mais que feliz.
Agora é só aproveitar... e "deixar a vida os levar". Também pra isso precisamos "savoir faire".
Um beijo carinhoso,
Regina

4:43 PM, Novembro 05, 2010

Fatima Cristina disse...

Oi Regina!
Sim teve um final super feliz!
Beijos!

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